History Funcionários
Arquitetura
Complexo multiuso
Empresariais
Residenciais / Verticais
Minas Gerais
Belo Horizonte
2024-2021
2021 History Funcionários Belo Horizonte, MG Área construida: 37.715,53 m² Área do terreno: 7.394,50 m² Rua Alagoas, 123 - Funcionários
Imagens: Construtora Canopus & Dávila Arquitetura
* A Praça Memorial foi desenvolvida com o apoio de profissionais como Célia Corsino (COR Exposições; projeto expográfico), Forma Garden (Paisagismo) e Atiaia Design (projeto luminotécnico).
SITE DO EMPREENDIMENTO

O History Funcionários é um complexo arquitetônico multifuncional implantado em terreno com mais de 7.000m², que reúne unidades residenciais, empresariais e comerciais, distribuídos em duas torres, além de uma grande área verde e uma praça memorial doados à cidade para uso público.

 

Localizado em uma das áreas mais nobres e tradicionais de Belo Horizonte, junto à Praça da Boa Viagem, o empreendimento se coloca como um produto imobiliário raro e diferenciado. Ao mesmo tempo, promete trazer novos ares para a área central da capital mineira, resgatando, valorizando e democratizando a memória urbana da cidade.

 

Um dos maiores desafios do empreendimento, sua localização em área de relevância histórica e cultural, é também um de seus destaques. O objeto mais marcante, localizado bem diante da torre residencial do History Funcionários, é o Santuário de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombado a nível estadual desde 1977. Por muitas décadas, a igreja funcionou como a Catedral da Arquidiocese de Belo Horizonte sendo que apenas recentemente perdeu este posto para a nova Catedral Cristo Rei, projetada por Oscar Niemeyer e que ainda se encontra em construção na área norte da capital mineira.

 

O presente templo da ‘Boa Viagem’, em estilo eclético, com inspiração no gótico Manuelino – um estilo originado em Portugal – e tombado pelo patrimônio histórico municipal, substituiu a antiga Matriz da Boa Viagem, que marcava o centro do Arraial do Curral D’el Rey. Este arraial foi a pequena aglomeração urbana cuja história remonta ao início do século XVIII e que precedeu a nova capital. Em fins do século XIX, o projeto urbano de Aarão Reis sobrepôs uma malha ortogonal sobre as antigas ruelas e o próprio largo da Matriz, representante do estilo ‘barroco mineiro’. A antiga igreja do povoado foi demolida com a construção da capital, sendo substituída pela construção atual, inaugurada em 1923 e perfeitamente centralizada na nova quadra ou praça à qual dá nome. O pouco que restou da igreja original, como o altar-mor em madeira esculpida e a pia batismal foram preservados e se encontram em exposição no Museu Histórico Abílio Barreto.

 

Como centro da pequena aglomeração urbana, a Matriz da Boa Viagem original assistiu à movimentação da população de residentes e viajantes, em torno do comércio e do próprio templo, o qual frequentavam. Já o presente santuário também marcou o coração da nova capital como sua catedral, à qual afluíam e ainda acorrem, fieis e devotos católicos, além de turistas e curiosos interessados na marcante arquitetura do templo. O próprio bairro dos Funcionários e também o de Lourdes, além da extensa área verde do Parque Municipal, da Praça da Liberdade e seus edifícios históricos, além do nacionalmente renomado Palácio das Artes integram a nobre vizinhança.

 

O principal motivador no desenho do empreendimento foi o de transformar inteiramente o uso recente na região e assim restaurar significados. No lugar de veículos estocados em edifícios-garagem cegos e galpões com oficinas, o History traz a proposta de resgatar o acesso, a alma, a ‘ânima’ e a dignidade de uma região que se desenvolveu originalmente com o intuito de atrair, congregar, reunir e fazer interagir as pessoas.

Por outro lado, a motivação trouxe também uma pergunta: como resgatar a vitalidade, a ‘anima’ original desta região, respeitando e valorizando a história e, ao mesmo tempo, trazendo os avanços possíveis no século 21? Em termos de função, a resposta foi a definição do complexo de uso misto, incluindo lojas, escritórios e residências, além, é claro, do espaço público de estar e contemplação da nova Praça Memorial que articula o conjunto e promove um encontro de pessoas, de usos, de passado, presente e futuro. Em termos de atitude, o posicionamento, ao contrário das premissas seguidas à época da construção original da capital, foi o de justapor o novo ao antigo, o sonho à memória, em uma convivência harmônica e interativa, em um diálogo pleno.

 

Por falar em diálogo, a concepção do empreendimento levou muitos anos entre desenho, experimentação e troca de informações e expectativas entre os projetistas, empreendedores e os órgãos responsáveis, incluindo o Conselho Municipal de Cultura e também com o IEPHA-MG. O objetivo em comum de todos os envolvidos neste desafio era apenas um: dialogar com a história da cidade, ao mesmo tempo promovendo-a e agregando valor urbano e arquitetônico à região e à cidade como um todo.

O mix de atividades resultante traz como proposta uma sinergia com impacto positivo para o sistema urbano, o qual movimentará em diferentes horários ao longo do dia, trazendo as pessoas de volta à região da Boa Viagem. Ao mesmo tempo, cada equipamento, com seu uso específico, também dispõe de acessos exclusivos, tanto para pedestres quanto veículos, além de estacionamentos e áreas de lazer próprias. No conjunto, esta energia humana catalisa uma fruição do espaço que contribui para o resgate da vocação de um lugar, como a Praça da Boa Viagem e o Santuário, melhor integrando-os à cidade.

 

O complexo atinge uma área construída total de 37.715,53m², com uma taxa de ocupação de apenas 55% do terreno e taxa de permeabilidade de quase 30% (mais de 2.000m² de solo natural vegetado). Ao todo, são 142 unidades residenciais e 63 unidades empresariais, além de 12 lojas. O complexo do History Funcionários é servido por um total de 8 elevadores e dispõe de bicicletário, além de 449 vagas de estacionamento distribuídas entre o subsolo e os primeiros 4 pavimentos acima dele.

 

A maneira com a qual o empreendimento se relaciona com os vizinhos, em especial a igreja histórica, com a qual busca uma interação espacial de generosidade, é um dos destaques do projeto. Nesse movimento, recorreu à verticalização da torre residencial, concentrando a ocupação do terreno em um ponto, com a consequente liberação de área em outro. Assim surgiu o conceito da praça que integra o empreendimento, a qual denominamos de Praça Memorial e que em um ato de partilha, se oferece ao uso público. Uma das importantes contribuições desta área livre é a de liberar a visão da Catedral, para quem passa pela Avenida Afonso Pena (a principal da cidade). A intenção é que a visão da igreja, sua torre e área verde seja franqueada a partir da perspectiva da avenida.

 

Uma das importantes contribuições desta área livre é a de liberar a visão da Catedral, para quem passa pela Avenida Afonso Pena (a principal da cidade). A intenção é que a visão da igreja, sua torre e área verde seja franqueada a partir da perspectiva da avenida.

 

Outra contribuição significativa da Praça Memorial que o History estabelece é a extensão funcional da área verde da Praça da Boa Viagem enquanto ao mesmo tempo, agrega um registro memorial àquele contexto urbano de tanta relevância. O resgate valorizou formalmente o registro urbanístico, ao passo em que reproduz no formato de suas calçadas, o antigo desenho urbano das ruelas do Arraial do Curral D’El Rey, o qual os cidadãos podem percorrer. Já o desenho ortogonal da nova capital é intercalado ao das ruelas através dos canteiros verdes, que representam suas quadras.

À parte de todo o investimento da configuração espacial e urbana do History Funcionários, o projeto arquitetônico foi cuidadosamente elaborado para agregar uma simplicidade plástica e volumétrica ao contexto.

 

Temos então a torre residencial, que conforme mencionamos foi desenvolvida mais verticalmente, posicionada diante da igreja, enquanto a torre empresarial, com menor altimetria, desenvolve-se mais horizontalmente como um dos limites da Praça Memorial, enquanto a Rua Timbiras e a Rua Alagoas fecham o polígono, em um movimento de continuidade da praça da existente.

 

A arquitetura do History Funcionários apoia-se na relação do jogo de volumes entre a torre residencial, verticalizada, e a torre empresarial, horizontalizada. Costurando todo o perímetro voltado para a área térrea do empreendimento, desenha-se uma marquise revestida com ACM branco, interrompida apenas no ponto de maior proximidade entre as torres duas torres, onde estão localizados seus acessos públicos, inclusive a esplanada para acesso de veículos, com seus dois porte-cochéres independentes. Afastando-se deste núcleo de acessos, ambas as torres têm lojas no nível da rua – no caso da torre empresarial, voltadas pra a Praça Memorial e no caso da torre residencial, voltadas para a Praça da Boa Viagem (Rua Alagoas). Estas lojas, especificamente, trazem amplas vitrines com pé-direito triplo, o que ameniza com transparência o volume das garagens subjacentes.

 

Ambas as torres compartilham acabamento harmonizado, entre textura e granito jateado nas paredes, além de esquadrias de alumínio anodizado natural e vidro incolor, mas a arquitetura de cada tipologia é diferenciada.

 

A torre residencial é basicamente um prisma sobre o qual é adossado um grid organizador que se sobrepõe às aberturas, entre janelas, vãos de ar-condicionado e trechos cegos em massa. Estes trechos estão caracterizados por duas faixas verticais, interrompidas à meia altura da torre e estabelecem um contraponto à simetria geral. Em contraste a estas marcações, a predominância é dos panos de vidro e das venezianas e grelhas coordenadas entre si pelo uso de alumínio anodizado. O topo da torre, em suas quatro fachadas, é marcado por quatro óculos em pele de vidro, que funcionam como mirante e faróis de intercâmbio de vistas entre o History e a cidade.

 

Com 32 pavimentos, sendo os primeiros reservados ao acesso via porte-cochére, hall social com pé-direito duplo e estacionamentos. No quinto pavimento encontra-se uma área de lazer completa e a partir do sexto pavimento, distribuem-se 102 unidades residenciais de 2 suítes nos pavimentos mais baixos e área média em torno de 76m². Nos pavimentos mais altos estão as 40 unidades de 3 suítes e área em torno de 113m². Os apartamentos trazem plantas inteligentes, com as quais se buscou o maior aproveitamento do espaço, com opções de layout contemporâneos.

Já a proposta da torre empresarial é de uma maior ‘neutralidade’, de maneira a se harmonizar facilmente com a paisagem e a Praça Memorial, a qual espelhará. Em sua abordagem discreta, entretanto, sua arquitetura homenageia conceitos modernistas ao trazer duas empenas cegas e uma grande fachada envidraçada voltada para a área verde, com benefício para os trabalhadores que por ali transitarão.

 

Os vidros se apoiam sobre esquadrias moduladas de forma variada, com a formação de retângulos em várias dimensões, o que confere movimento, surpresa e textura. Sensações semelhantes são provocadas pela torre de escadas, próxima à conexão com a torre residencial via embasamento. Este volume será revestido por elementos decorativos conformando um ‘mosaico’ que poderá ser visualizado a partir da Praça Memorial, assim enriquecendo a experiência visual dos frequentadores. Coroando a torre empresarial, um terraço verde possibilita uma zona de descompressão urbana, que, aliás, é a tônica de todo o complexo do History.

 

Desenvolvida em uma volumetria horizontalizada, com um total de 11 pavimentos entre os quais se distribuem salas empresariais e andares corridos. A conexão entre o bloco de elevadores e a área útil de cada pavimento é generosamente iluminada por vidraças voltadas à Praça Memorial, para a qual, aliás, se volta todo o edifício. O acesso, independente ao da torre residencial também é provida de porte-cochére, hall com pé-direito quádruplo e outras facilidades, incluindo vagas de carga e descarga.

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